"Uma mosca efêmera nasce às nove horas da manhã nos dias longos do verão, para morrer às cinco horas da tarde; como compreenderia a palavra noite? Deem-lhe cinco horas mais de existência, ela verá e compreenderá o que é a noite."
(Stendhal in O Vermelho e o Negro)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

...dicen que murió de frío, yo sé que murió de amor.












La niña de Guatemala 
(José Martí)

Quiero, a la sombra de un ala,
contar este cuento en flor:
la niña de Guatemala,
la que se murió de amor.

Eran de lirios los ramos;
y las orlas de reseda
y de jazmín; la enterramos
en una caja de seda...

Ella dio al desmemoriado
una almohadilla de olor;
él volvió, volvió casado;
ella se murió de amor.

Iban cargándola en andas
obispos y embajadores;
detrás iba el pueblo en tandas,
todo cargado de flores...

Ella, por volverlo a ver,
salió a verlo al mirador;
él volvió con su mujer,
ella se murió de amor.

Como de bronce candente,
al beso de despedida,
era su frente -¡ la frente
que más he amado en mi vida!...

Se entró de tarde en el río,
la sacó muerta el doctor;
dicen que murió de frío,
yo sé que murió de amor.

Allí, en la bóveda helada,
la pusieron en dos bancos:
besé su mano afilada,
besé sus zapatos blancos.

Callado, al oscurecer,
me llamó el enterrador;
nunca más he vuelto a ver
a la que murió de amor.











domingo, 26 de junho de 2011

And Death Shall Have No Dominion











And death shall have no dominion.
Dead mean naked they shall be one
With the man in the wind and the west moon;
When their bones are picked clean and the clean bones gone,
They shall have stars at elbow and foot;
Though they go mad they shall be sane,
Though they sink through the sea they shall rise again;
Though lovers be lost love shall not;
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
Under the windings of the sea
They lying long shall not die windily;
Twisting on racks when sinews give way,
Strapped to a wheel, yet they shall not break;
Faith in their hands shall snap in two,
And the unicorn evils run them through;
Split all ends up they shan't crack;
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
No more may gulls cry at their ears
Or waves break loud on the seashores;
Where blew a flower may a flower no more
Lift its head to the blows of the rain;
Though they be mad and dead as nails,
Heads of the characters hammer through daisies;
Break in the sun till the sun breaks down,
And death shall have no dominion.

*Dylan Thomas*








 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

como um esquecimento, como uma serenidade, - o último orgulho de um homem...


A Alvaro, 
Que doma o Tempo, a Vida e a Morte
em cada batida do seu coração...

de longe, muito muito muito longe domando o meu.








Corrida de Cavalos
Yannis Ritsos

Cortaram lenha do bosque. Acenderam a pira.
Sobre ela colocaram o morto.
Depois começaram as corridas de cavalos,
para prestarem honras
ao digno lutador e à sua beleza.
Depois da meia-noite,
os homens, extenuados das lutas, não puderam chorar.

Apenas o cavalo de Antíloco, todo negro,
todo reluzente à luz das chamas, apoiando-se
nas patas traseiras, saltou por sobre a fogueira
e perdeu-se na noite.
Pelo acampamento ficou aquele cansaço maravilhoso, supremo,
como um esquecimento, como uma serenidade,
- o último orgulho de um homem.

Quanto ao cavalo de Antíloco, ninguém mais o procurou. 



Eu sei que vou te amar

"ELE": Humano, demasiadamente Humano...





(Todos os direitos & afetos reservados à "Senhora dos Olhos de Mar")



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Porque ainda existem Praças e Diamantes: La Mercè Rodoreda!

"É bom que, antes de escrever, se viva!"
...




A Mercè Rodoreda o M'Eu Viver!
Vivo! Porque escre-ver é Ser e est'AR...
 
Escarlate Letra
A
y
M'ar




La Plaza del Diamante * Mercè Rodoreda

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Et si tu n'existais pas...






Et Si Tu N'existais Pas 

(Joe Dassin)

Et si tu n'existais pas
Dis-moi pourquoi j'existerais
Pour traîner dans un monde sans toi
Sans espoir et sans regret

Et si tu n'existais pas
J'essaierais d'inventer l'amour
Comme un peintre qui voit sous ses doigts
Naître les couleurs du jour
Et qui n'en revient pas

Et si tu n'existais pas
Dis-moi pour qui j'existerais
Des passantes endormies dans mes bras
Que je n'aimerais jamais

Et si tu n'existais pas
Je ne serais qu'un point de plus
Dans ce monde qui vient et qui va
Je me sentirais perdu
J'aurais besoin de toi

Et si tu n'existais pas
Dis-moi comment j'existerais
Je pourrais faire semblant d'être moi
Mais je ne serais pas vrai

Et si tu n'existais pas
Je crois que je l'aurais trouvé
Le secret de la vie, le pourquoi
Simplement pour te créer
Et pour te regarder

Et si tu n'existais pas
Dis-moi pourquoi j'existerais
Pour traîner dans un monde sans toi
Sans espoir et sans regret

Et si tu n'existais pas
J'essaierais d'inventer l'amour
Comme un peintre qui voit sous ses doigts
Naître les couleurs du jour
Et qui n'en revient pas
 
 
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Língua & Lábios... Des’encontros...






Língua & Lábios... Des’encontros...

N’um passo-a-mais pelo Paço rumo à tela d’Apolo
Senti não ter encontrado tua língua
nos Labi(rint)os da Pequena  Alexandria.
Teria sido o voraz encontro agridoce e famélico
Entre o teu ácido escrever/dizer
e a minha doce vontade de ler.

Escarlate Letra A 
{y Mar}

Recife [Antigo]
20 de junho de 2011





Mulheres de Atenas e de Alhures



Mulheres de Atenas

(Chico Buarque)

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas:
Geram pros seus maridos,
Os novos filhos de Atenas.

Elas não têm gosto ou vontade,
Nem defeito, nem qualidade;
Têm medo apenas.
Não tem sonhos, só tem presságios.
O seu homem, mares, naufrágios...
Lindas sirenas, morenas.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas








sábado, 18 de junho de 2011

à sombra do silêncio, a mão diz o grito...









!,e tudo é sonho de quem não consegue...!





By Andy Warhol



*
● morrer me deixou essa ●
● maneira de rir esse assim ●
● ao me deitar esse olhar esse ●
● se entregar do corpo essa ●
...
● coisa entre as palavras esse ●
● frio q nada esquenta essa ●
● vontade de quase nada essa ●
● falta de fome a tristeza nas ●
● tardes de chuva quando tento ●
● acordar não consigo e tudo é ●
● sonho de quem não consegue ●
 
*Alberto Lins Caldas*
 
 

Nick Cave & The Bad Seeds - The Singer (Johnny Cash cover)

?Hey, "Joe", where you goin' with that gun in your hand?

"Hey, Joe, 
where you goin' with that gun in your hand?
Hey, Joe, 
I said where you goin' with that gun in your hand?"




By Frank Miller




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Jimi Hendrix - Hey Joe

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Samuel Barber - Adagio for Strings

Quando a Beleza [({se])} Mata ao Lado!










Morri pela beleza, mas estava apenas
No sepulcro acomodada
Quando alguém que pela verdade morrera
Foi posto na tumba ao lado.

Perguntou-me, baixinho, o que me matara:
"A beleza," respondi.
"A mim, a verdade, – são ambas a mesma coisa,
Somos irmãos".

E assim, como parentes que certa noite se encontram,
Conversamos de jazigo a jazigo,
Até que o musgo alcançou nossos lábios
E cobriu os nossos nomes.
*Emily Dickinson*



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mistérios Gozosos: Ophelia!




OPHELIA
 *ENUNCIADO*ANUNCIAÇÃO*INICIAÇÃO*
● entre vida e ●● morte se des ●  
● ata e solta ● 
 ●●●GOZO●●●





*
● goza ophelia entre ●

● abertos os ●
● olhos ●

● cada ondulação vi ●
● trea da agua e ●


● entre vida e ●● morte se des ● 
● ata e solta ●
● 
segue 
cor
 ● 
rente 
ate 

● argila fina ●
● raiz de lotus ●
● volta a tona e ●
● 
agora 
sonha 

*Alberto Lins Caldas*
 15.06.2011
 

terça-feira, 14 de junho de 2011

vontade de potência






Ecce Homo

Ecce homo * Lovis Corinth * 1925
Pinacoteca de Basileia




Nana Caymmi - Resposta ao Tempo

Resposta ao Tempo







Resposta ao Tempo 
(Nana Caymmi)
 
Batidas na porta da frente é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei

Um dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração é o tempo
Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei

E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro sozinhos

Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer
No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer






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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Zizi Possi - Pedaço de Mim

Ele... Essa presença que me consome









Ele... Essa presença que me consome

*
?Que presença é essa
Que não vejo e me consome...
Que esquece o meu nome sem rima na língua, na carta de amor...
E me chama pelo nome de outra no lapso do céu da boca,
no lodo do eco dos dentes, no ato falho dos porões da memória...
***
?Que presença  é essa
Que me pretere no fio corrosivo do prazer da vingança
No amargo sabor do lento passar das horas
Enquanto, à distância, velo o meu amor 
Suturo e nutro com lágrimas de renda a minha saudade 

***
?Que presença é essa
Que nunca está 
Gotas de suor... cristais, que não escorrem em mim
Que não oferece a indulgência-talismã-relíquia de um cílio caído, fio de cabelo, unha
Um cheiro entranhado na roupa suja perfumada de outros passados


***
Que presença é essa
Que não colhe murchas acácias caídas no chão do outono
Que não faz um leito sedoso de folhas verdes
das mangueiras doces para o meu corpo deitar
Que não me encontra encantada nas matas D'Oxossi
Que não me banha nos afluentes secretos dos rios do norte


***
?Que presença é essa
Que cospe nas fendas fiéis das minhas  letras esculpidas de sangue e fogo
Mas engole, aos pares, como as doces uvas de Baco, 
Insossas palavras de poemas incertos 
E venera a prosa d'outras mãos que lhe afagam e seduzem o ego com duvidosos clichês

 
***
?Que presença é esta?
Essa presença concreta na ausência
Que sinto absorta, distantemente, muito perto de mim
Viva e pulsante no tempo correndo do instante ofegante

***
?Que presença é essa
Amante dos meus ouvidos alter(n)ados
No nada da pele que só se sabe desejo
E se veste nua de sonho acordado
Para outra vez, no sonho adormecido poder abraçá-lo

***
?Que presença é essa
Essa presença é Ele, eu sei
Essa presença Sou Eu, 
Disso, ele sabe, ele grita, ele sonhou primeiro
E nenhum dos dois pode evitar

*

Desfazer, jamais!
Amor compartilhado
O Tempo diz.

Roberta Aymar
06.03.2011

*****
?Dirá? 
 
Roberta Aymar
13.06.2011


Postado Originalmente no Blog TECIDO VIVO

 








"water, is taught by thirst"









Water, is taught by thirst.
Land - by the Oceans passed.
Transport - by throe -
Peace - by its battles told -
Love, by Memorial Mold -
Birds, by the now.

Emily Dickinson


domingo, 12 de junho de 2011

Morena do Mar - Nara Leão

o nome da rosa...






No cânion da cor-cordis
onde o rubro e o ébano se querem pó
naveg'ocean'osso'sangu'e dor da forma infinita

O rosa?
[ainda] não coagulou
esvazio de tudo está!
asséptica pele de nada

não tem amor nessa cor
mas muito mais fica pq
incômodo vazio ficará...
de-quase-tudo-de-quase-nada

sem saber o rosa e a rosa
a cor da pétala desafia espinhos
quem sabe, talvez, um dia,
mate-me e/ou me morra.


Roberta Aymar



sábado, 11 de junho de 2011

Blood in My Eyes * Dylan Thomas





Blood in my eyes

Ooh!
What you gonna do now?
What you gonna do when the rhythm comes kickin' you?
Kinda makin' me bleed into
My resent so definite, evident
Breathe, like a disease, gotta get you off of me
Thoughts of you rotting me
Animosity burrows into me
Boy you lost when you made me the enemy

[blood in my eyes]
[blood in my eyes]

I don't like to think - I don't like to think about you
No!
What you gonna do, who you gonna do it to
’Cuz it's makin' me feel [yeah it's makin' me feel]
My will - something I killed off
Givin' off a lid about you to another like me
Punk - you're gonna get yourself knocked out
Nightmares runnin' through my mind

Walk the path that warped my brain
Never left me quite the same
All the memories of my pain
Broken down inside remain
So empty inside me
So empty

Hey you, look into my face, can't you see my grin
Yeah, feel it just about kick it
My innocence feeding your arrogance
I guess you gave no thought to your madness
Who you tryin' to fool now
Who you tryin' to get the live in the insanity anew now
Animosity burrows into me
Waitin' for a minute then I’m makin' you the enemy

Walk the path that warped my brain
Never left me quite the same
All the memories of my pain
Broken down inside remain
So empty inside me
So empty

Rage in my veins
I cannot remain
Thinking how you let me down
[someone help me]
Hold in my pain
I cannot remain
Why don't you just let me drown?

Ooh, what you gonna do now, what you gonna do when the rhythm comes kickin' you?
Kinda makin' me bleed into nightmares running through my mind
Breathe, like a disease, gotta get you off of me
Thoughts of you rotting me
Animosity burrows into me
Boy you lost when you made me the enemy!
[I'm left here, so empty, life's made me, so violent]
[I'm left here, so empty, life's made me, so violent]

Ooh, like I never knew, distrust that grew every single time that I think of you
Rape my mind to make me blind
You thought that I'd forget it boy
Hit you with the blindside
No stoppin' me watch me droppin' it
Off of me another nightmare rockin' it
Animosity burrows into me
Boy you lost now I made you the enemy

Walk the path that warped my brain
Never left me quite the same
All the memories of my pain
Broken down inside remain
So empty inside me
So empty